Para a elaboração de um mapa
conceitual os professores podem propor o uso de lápis e papel com colagens dos
conceitos ou utilizar a tecnologia como aliada no processo. Existem alguns
softwares que possibilitam a construção e o compartilhamento dos mapas, o mais
sugerido nas pesquisas realizadas é o CmapTools, que foi desenvolvido pelo
grupo de pesquisa que Novak faz parte e, desse modo, se integra a teoria que
embasa a técnica de mapeamento conceitual. Um estudo mais aprofundado sobre o
software será realizado no capítulo a seguir.
Obviamente, o trabalho com o
mapeamento conceitual exige do docente interação do assunto e disposição para
aprender. Também é necessário que o professor realize alguns passos antes de
propor a utilização dos mapas conceituais em sala de aula, a fim de obter
resultados satisfatórios. Sobre isso, Abreu (2011) sugere que o professor:
analise com antecedência o tema que deseja abordar e posteriormente faça a
escolha deste tema, também é preciso definir os objetivos almejados, fazer a
apresentação dos tópicos, distribuí-los em uma sequência hierarquizada e fazer
uso das interligações necessárias. Também é importante dar conhecimento ao
aluno daquilo que se espera quando for o momento de construir o seu próprio
mapa, demonstrando o seu conhecimento sobre determinado assunto em momentos de
aprendizagem.
A
estrutura hierárquica de uma área específica de conhecimento também depende do
contexto no qual o conhecimento está sendo aplicado ou considerado.
Consequentemente, o ideal é que mapas conceituais sejam elaborados a partir de
alguma questão particular que procuramos responder, o que denominamos questão
focal. O mapa conceitual deve se referir a uma situação ou evento que tentamos
compreender por meio da organização do conhecimento na forma desse mapa,
provendo assim o contexto para ele (NOVAK; CAÑAS, 2010, s.p.).
Como exposto anteriormente,
para a elaboração dos mapas pode-se utilizar apenas lápis e papel ou fazer uso
de um software. Porém, em ambas as situações o importante é que o mapa
resultante seja um instrumento capaz de revelar significados atribuídos aos
conceitos nele apresentados, além de possibilitar a relação entre estes
conceitos num determinado contexto, conteúdo ou conhecimento. De um modo geral,
para a construção, o tema principal é registrado no topo através de um conceito
e logo abaixo são organizados os demais conceitos que tem algum tipo de relação
com o assunto principal. Os conceitos sempre são escritos em algum tipo de
figura, geralmente retângulos ou elipses e estes estarão unidos por meio de uma
seta, que tem a função de estabelecer a relação entre os elementos conceituais.
Antes da realização de um
mapeamento conceitual, a relação significativa entre os conceitos feita pelos
estudantes (através de palavras de ligação) pode ser difícil se houver uma
interpretação superficial do conteúdo ou assunto estudado. Mas, é exatamente
nesse exercício que o aluno compreende como os conceitos estão interligados e
qual a sua hierarquia. É também nesse momento que ocorre a transformação da
informação em conhecimento (MARRIOTT; TORRES, 2015).
Um mapa conceitual representa
a maneira como as relações entre conceitos estão organizadas. Para a sua
elaboração é necessário selecionar conceitos, buscando em textos ou livros, e a
utilização da criatividade e de conhecimento para que a relação entre os
conceitos seja feita corretamente. Para isso, alguns autores sugerem passos
para a elaboração dos mapas. Inicialmente, serão apresentadas e comentadas, as
etapas sugeridas por Moreira (2011).
1. Inicialmente
é necessário identificar os conceitos-chave do conteúdo que será mapeado e
colocá-los em uma lista. Durante esse processo o aluno poderá, se necessário,
utilizar o caderno ou livro didático como fontes de pesquisa.
2. Ordenar
os conceitos, colocando os mais gerais, mais inclusivos, no topo do mapa e,
gradualmente, devem ser agregados os demais até completar o diagrama.
3. Se o
mapa se referir a um parágrafo de um texto, o número de conceitos ficará
limitado ao próprio parágrafo. Se o mapa incorporar o conhecimento de que o
está construindo, conceitos mais específicos podem ser incluídos no mapa.
4. Conectar
os conceitos com linhas e rotulá-los com uma ou mais palavras-chave que
explicitem a relação entre os conceitos. Os conceitos e as palavras-chave devem
sugerir uma proposição que expresse o significado da relação.
5. Setas
podem ser usadas para dar sentido a uma relação, porém, não podem transformar o
mapa em um diagrama de fluxo.
6. Evitar
palavras que apenas indiquem relações triviais entre conceitos. Buscar relações
horizontais e cruzadas.
7. O mapa
também pode conter exemplos, embaixo dos conceitos correspondentes. Geralmente
eles aparecem na parte inferior.
8. Se o
mapa ficar mal organizado ou alguns conceitos ou grupos de conceitos mal
situados, é útil reconstruí-lo.
9. Não
existe uma única maneira de traçar um mapa conceitual. À medida que muda a
relação que se atribui entre os conceitos, ou à medida que se aprende algo
novo, o mapa também muda. Um mapa conceitual reflete a compreensão de quem o
faz, no momento em que o faz.
10.
Na fase final, é importante compartilhar os
mapas construídos com os colegas e examinar os deles, questionando a relação
entre os conceitos. O mapa conceitual é um bom instrumento para compartilhar,
trocar e “negociar” significados.
Existem
diferentes maneiras de utilizar mapas conceituais, essa metodologia pode ser
aplicada com alunos de diferentes idades e em qualquer momento de aprendizagem,
como afirmam Marriott e Torres (2015), alunos do ensino fundamental, médio,
universitário e até mesmo do jardim de infância (não alfabetizados) podem
construir os seus mapas utilizando, por exemplo, a técnica de tempestade de ideias
onde os alunos falam aleatoriamente palavras que vem a mente sobre um tema
sugerido pelo professor. Para as autoras essa técnica também pode ser usada com
alunos maiores no momento em que o professor precisa revisar o conteúdo
estudado. O professor pode escrever no quadro tudo o que os estudantes falarem
durante a tempestade de ideias e depois disso é proposto:
1) Selecionar o conceito principal partindo sempre de um
termo geral;
2) Cada aluno lista
os 10 primeiros conceitos que lhe vierem a mente e que tem alguma associação
com o conceito principal e desenham um retângulo em torno dos conceitos;
3) Fazer o agrupamento dos conceitos de acordo
com os sub temas de modo que faça sentido para eles.
4)
Organizar os conceitos do “mais importante” para o “menos importante”, sendo
que o primeiro deve ser colocado no topo;
5)
Conectar os conceitos através de uma linha e nesta deverá aparecer uma palavra
ou frase de ligação para estabelecer uma relação entre eles;
6)
O professor deve dar tempo suficiente para que os alunos consigam expressar os
seus pensamentos e relacionem os conceitos significativamente. Outros conceitos
poderão ser incluídos à medida que vão sendo lembrados. Reforçar a importância
da hierarquia entre os conceitos e às ligações cruzadas;
7)
É essencial que o professor acompanhe a construção, ofereça apoio mas não
direcione, pois o mapa conceitual é a representação de quem o cria porém, as
relações devem estar corretas cientificamente. Lembrar também que não existe
apenas “uma resposta correta”.
8)
Colocar os alunos em grupos de 3 alunos para que possam apresentar seus mapas.
Nesse momento é importante chamar atenção para as ligações apropriadas entre os
conceitos e a diversidade de mapas que podem ser criados a partir de um único
tema.
Durante
todo o processo de elaboração dos mapas conceituais é muito importante o
acompanhamento do professor, pois ele poderá notar se o aluno deixou de incluir
algum conceito e isso pode ter
acontecido por vários motivos como: Não ter considerado a informação importante;
não ter compreendido tal conceito/ informação;
por pressa, cansaço ou dificuldade de encontrar a palavra de ligação que
a ligaria a um outro conceito (MARRIOTT; TORRES, 2015).
Após
conclusão dos mapas é imprescindível que seja feita a avaliação dos mesmos e
neste momento o professor deve questionar a não inclusão de determinados
conceitos, a fim de diagnosticar o nível de compreensão e as necessidades do
aluno.
Novamente Novak (apud MARRIOT; TORRES, 2015), traz como
outra alternativa a construção de um mapa baseado em uma lista de conceitos,
com uma lista de proposições (conceito + palavra de ligação+ conceito)
fornecida pelo professor. A partir disso, o professor pode sugerir que os
alunos acrescentem mais vinte conceitos próprios à lista fornecida pelo
professor, para promover a aprendizagem significativa.
Após a construção e
possíveis análises e ajustes ao mapa construído, é importante que o professor
proponha a apresentação por parte de quem os construiu, para que possa ficar
evidente o nível das relações que o estudante estabelece entre os conceitos. A
apresentação também fará com que o estudante exponha as suas ideias aos
colegas, podendo haver uma troca de conhecimentos muito pertinente à
aprendizagem. Mapas conceituais devem ser explicados por quem os faz, pois
neste momento a pessoa externaliza significados. Reside aí o maior valor de um
mapa conceitual segundo Moreira (2012 b).REFERÊNCIAS:
ABREU, Neusa Aparecida de. Mapas Conceituais e suas aplicações. Artigo (Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) - Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP, Cornélio
Procópio, Paraná, 2011. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_uenp_mat_artigo_neuza_aparecida_de_abreu.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2015.
MARRIOT,
Rita de Cássia Veiga; TORRES, Patrícia Lupion. Mapas Conceituais uma ferramenta para a construção de uma cartografia
do conhecimento. Coleção Agrinho. Governo do Estado do Paraná. 2015.
Disponível em: <http://www.agrinho.com.br/materialdoprofessor/mapas-conceituais-uma-ferramenta-para-construcao-de-uma-cartografia-conhecimento>. Acesso em: 03 jun. 2015.
MOREIRA,
Marco Antonio. Aprendizagem
significativa. A teoria de David
Ausubel. São Paulo: Centauro, 2006.
_______. Aprendizagem significativa: A teoria e textos complementares. São
Paulo: Livraria da Física, 2011.
_______. Mapas Conceituais e Aprendizagem
Significativa. 2012a. Disponível
em: <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2015.
_______. Organizadores
Prévios e aprendizagem significativa. Revista
Chilena de Educación Científica, 2012b. Disponível em: <https://www.if.ufrgs.br/~moreira/ORGANIZADORESport.pdf>.
Acesso em: 25 jul. 2016.
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