sábado, 28 de outubro de 2017

Como elaborar um Mapa Conceitual


Para a elaboração de um mapa conceitual os professores podem propor o uso de lápis e papel com colagens dos conceitos ou utilizar a tecnologia como aliada no processo. Existem alguns softwares que possibilitam a construção e o compartilhamento dos mapas, o mais sugerido nas pesquisas realizadas é o CmapTools, que foi desenvolvido pelo grupo de pesquisa que Novak faz parte e, desse modo, se integra a teoria que embasa a técnica de mapeamento conceitual. Um estudo mais aprofundado sobre o software será realizado no capítulo a seguir.
Obviamente, o trabalho com o mapeamento conceitual exige do docente interação do assunto e disposição para aprender. Também é necessário que o professor realize alguns passos antes de propor a utilização dos mapas conceituais em sala de aula, a fim de obter resultados satisfatórios. Sobre isso, Abreu (2011) sugere que o professor: analise com antecedência o tema que deseja abordar e posteriormente faça a escolha deste tema, também é preciso definir os objetivos almejados, fazer a apresentação dos tópicos, distribuí-los em uma sequência hierarquizada e fazer uso das interligações necessárias. Também é importante dar conhecimento ao aluno daquilo que se espera quando for o momento de construir o seu próprio mapa, demonstrando o seu conhecimento sobre determinado assunto em momentos de aprendizagem.

A estrutura hierárquica de uma área específica de conhecimento também depende do contexto no qual o conhecimento está sendo aplicado ou considerado. Consequentemente, o ideal é que mapas conceituais sejam elaborados a partir de alguma questão particular que procuramos responder, o que denominamos questão focal. O mapa conceitual deve se referir a uma situação ou evento que tentamos compreender por meio da organização do conhecimento na forma desse mapa, provendo assim o contexto para ele (NOVAK; CAÑAS, 2010, s.p.).

Como exposto anteriormente, para a elaboração dos mapas pode-se utilizar apenas lápis e papel ou fazer uso de um software. Porém, em ambas as situações o importante é que o mapa resultante seja um instrumento capaz de revelar significados atribuídos aos conceitos nele apresentados, além de possibilitar a relação entre estes conceitos num determinado contexto, conteúdo ou conhecimento. De um modo geral, para a construção, o tema principal é registrado no topo através de um conceito e logo abaixo são organizados os demais conceitos que tem algum tipo de relação com o assunto principal. Os conceitos sempre são escritos em algum tipo de figura, geralmente retângulos ou elipses e estes estarão unidos por meio de uma seta, que tem a função de estabelecer a relação entre os elementos conceituais.
Antes da realização de um mapeamento conceitual, a relação significativa entre os conceitos feita pelos estudantes (através de palavras de ligação) pode ser difícil se houver uma interpretação superficial do conteúdo ou assunto estudado. Mas, é exatamente nesse exercício que o aluno compreende como os conceitos estão interligados e qual a sua hierarquia. É também nesse momento que ocorre a transformação da informação em conhecimento (MARRIOTT; TORRES, 2015).
Um mapa conceitual representa a maneira como as relações entre conceitos estão organizadas. Para a sua elaboração é necessário selecionar conceitos, buscando em textos ou livros, e a utilização da criatividade e de conhecimento para que a relação entre os conceitos seja feita corretamente. Para isso, alguns autores sugerem passos para a elaboração dos mapas. Inicialmente, serão apresentadas e comentadas, as etapas sugeridas por Moreira (2011).
1.  Inicialmente é necessário identificar os conceitos-chave do conteúdo que será mapeado e colocá-los em uma lista. Durante esse processo o aluno poderá, se necessário, utilizar o caderno ou livro didático como fontes de pesquisa.
2.  Ordenar os conceitos, colocando os mais gerais, mais inclusivos, no topo do mapa e, gradualmente, devem ser agregados os demais até completar o diagrama.
3.  Se o mapa se referir a um parágrafo de um texto, o número de conceitos ficará limitado ao próprio parágrafo. Se o mapa incorporar o conhecimento de que o está construindo, conceitos mais específicos podem ser incluídos no mapa.
4.  Conectar os conceitos com linhas e rotulá-los com uma ou mais palavras-chave que explicitem a relação entre os conceitos. Os conceitos e as palavras-chave devem sugerir uma proposição que expresse o significado da relação.
5.  Setas podem ser usadas para dar sentido a uma relação, porém, não podem transformar o mapa em um diagrama de fluxo.
6.  Evitar palavras que apenas indiquem relações triviais entre conceitos. Buscar relações horizontais e cruzadas.
7.  O mapa também pode conter exemplos, embaixo dos conceitos correspondentes. Geralmente eles aparecem na parte inferior.
8.  Se o mapa ficar mal organizado ou alguns conceitos ou grupos de conceitos mal situados, é útil reconstruí-lo.
9.  Não existe uma única maneira de traçar um mapa conceitual. À medida que muda a relação que se atribui entre os conceitos, ou à medida que se aprende algo novo, o mapa também muda. Um mapa conceitual reflete a compreensão de quem o faz, no momento em que o faz.
10.         Na fase final, é importante compartilhar os mapas construídos com os colegas e examinar os deles, questionando a relação entre os conceitos. O mapa conceitual é um bom instrumento para compartilhar, trocar e “negociar” significados.

Existem diferentes maneiras de utilizar mapas conceituais, essa metodologia pode ser aplicada com alunos de diferentes idades e em qualquer momento de aprendizagem, como afirmam Marriott e Torres (2015), alunos do ensino fundamental, médio, universitário e até mesmo do jardim de infância (não alfabetizados) podem construir os seus mapas utilizando, por exemplo, a técnica de tempestade de ideias onde os alunos falam aleatoriamente palavras que vem a mente sobre um tema sugerido pelo professor. Para as autoras essa técnica também pode ser usada com alunos maiores no momento em que o professor precisa revisar o conteúdo estudado. O professor pode escrever no quadro tudo o que os estudantes falarem durante a tempestade de ideias e depois disso é proposto:
1) Selecionar o conceito principal partindo sempre de um termo geral;
2)  Cada aluno lista os 10 primeiros conceitos que lhe vierem a mente e que tem alguma associação com o conceito principal e desenham um retângulo em torno dos conceitos;
3)  Fazer o agrupamento dos conceitos de acordo com os sub temas de modo que faça sentido para eles.
4) Organizar os conceitos do “mais importante” para o “menos importante”, sendo que o primeiro deve ser colocado no topo;
5) Conectar os conceitos através de uma linha e nesta deverá aparecer uma palavra ou frase de ligação para estabelecer uma relação entre eles;
6) O professor deve dar tempo suficiente para que os alunos consigam expressar os seus pensamentos e relacionem os conceitos significativamente. Outros conceitos poderão ser incluídos à medida que vão sendo lembrados. Reforçar a importância da hierarquia entre os conceitos e às ligações cruzadas;
7) É essencial que o professor acompanhe a construção, ofereça apoio mas não direcione, pois o mapa conceitual é a representação de quem o cria porém, as relações devem estar corretas cientificamente. Lembrar também que não existe apenas “uma resposta correta”.
8) Colocar os alunos em grupos de 3 alunos para que possam apresentar seus mapas. Nesse momento é importante chamar atenção para as ligações apropriadas entre os conceitos e a diversidade de mapas que podem ser criados a partir de um único tema.
Durante todo o processo de elaboração dos mapas conceituais é muito importante o acompanhamento do professor, pois ele poderá notar se o aluno deixou de incluir algum conceito e isso  pode ter acontecido por vários motivos como: Não ter considerado a informação importante; não ter compreendido tal conceito/ informação;  por pressa, cansaço ou dificuldade de encontrar a palavra de ligação que a ligaria a um outro conceito (MARRIOTT; TORRES, 2015).
Após conclusão dos mapas é imprescindível que seja feita a avaliação dos mesmos e neste momento o professor deve questionar a não inclusão de determinados conceitos, a fim de diagnosticar o nível de compreensão e as necessidades do aluno.
Novamente Novak (apud MARRIOT; TORRES, 2015), traz como outra alternativa a construção de um mapa baseado em uma lista de conceitos, com uma lista de proposições (conceito + palavra de ligação+ conceito) fornecida pelo professor. A partir disso, o professor pode sugerir que os alunos acrescentem mais vinte conceitos próprios à lista fornecida pelo professor, para promover a aprendizagem significativa.
Após a construção e possíveis análises e ajustes ao mapa construído, é importante que o professor proponha a apresentação por parte de quem os construiu, para que possa ficar evidente o nível das relações que o estudante estabelece entre os conceitos. A apresentação também fará com que o estudante exponha as suas ideias aos colegas, podendo haver uma troca de conhecimentos muito pertinente à aprendizagem. Mapas conceituais devem ser explicados por quem os faz, pois neste momento a pessoa externaliza significados. Reside aí o maior valor de um mapa conceitual segundo Moreira (2012 b).
REFERÊNCIAS:
ABREU, Neusa Aparecida de. Mapas Conceituais e suas aplicações. Artigo (Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) - Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP, Cornélio Procópio, Paraná, 2011. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2010/2010_uenp_mat_artigo_neuza_aparecida_de_abreu.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2015.
MARRIOT, Rita de Cássia Veiga; TORRES, Patrícia Lupion. Mapas Conceituais uma ferramenta para a construção de uma cartografia do conhecimento. Coleção Agrinho. Governo do Estado do Paraná. 2015. Disponível em: <http://www.agrinho.com.br/materialdoprofessor/mapas-conceituais-uma-ferramenta-para-construcao-de-uma-cartografia-conhecimento>. Acesso em: 03 jun. 2015.
MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa. A teoria de David Ausubel. São Paulo: Centauro, 2006.

_______. Aprendizagem significativa: A teoria e textos complementares. São Paulo: Livraria da Física, 2011.

_______. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. 2012a. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2015.

_______. Organizadores Prévios e aprendizagem significativa. Revista Chilena de Educación Científica, 2012b. Disponível em: <https://www.if.ufrgs.br/~moreira/ORGANIZADORESport.pdf>. Acesso em: 25 jul.  2016.

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